Setembro 13 2009

Subo ao teu corpo
sem pé nem estribo
só corpo e corpo!
Soltas as armas
abres caminho
Voas
Revoas
sobre a nudez...
No chão caíram
sem timidez
Asas vestidos
No ar coriscam
uivos gemidos
Desces e sobes
arfas transpiras
murmuras gritos
a meus ouvidos
Voltas-me
Viras-me
Corpo e sentidos


julieta lima ( em «O Flamengo»

publicado por adélia espírito santo às 21:00
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Setembro 13 2009

Debruça-se um velho
nos dias que foram
Desfia nos dedos
as pedras da idade.
O moço que foi
no moço que passa
As moças que amou
Os passos que deu
e os que não deu
Foi tudo tão breve
inda ontem eu...
Debruça-se um velho
na idade perdida
no pó da idade
Desfia nos dedos
seios de mulheres
Ventres luminosos
Braços
Mãos
Abraços
Foi tudo tão breve
inda ontem eu...
Debruça-se um velho
nos dias que foram
Sobre o chão que o espera
passeia sozinho
Inda ontem eu...
E era Primavera!
Entre sombras nuas
Ai tudo tão breve
inda ontem eu...
Tão lentos os passos
Tão lestos os passos
Tão longas as ruas...

 

julieta lima


publicado por adélia espírito santo às 20:55

Agosto 27 2009

publicado por adélia espírito santo às 10:24

Junho 13 2009

 

Ser ou não ser, questão de Shakespeare,
ter ou não ter, uma outra presunção
que poucos questionam à razão
sendo ela o leal espelho da valia.
 
Se aquele que pressente o seu quinhão
na incompetência e ostenta a euforia
de ser mais do que o outro e o desafia
ainda que não valha meio tostão
 
Então, ser ou não ser já pouco interessa
e ter não faz também nenhum sentido
se o logro é já patrão da mais valência
 
 
E a filosofia se despeça
porque o que conta é o porte do bandido
e não de quem o julga a excelência
 
 
julieta lima
publicado por adélia espírito santo às 16:43

Maio 28 2009


 Ser ou não ser, questão de Shakespeare,
ter ou não ter, uma outra presunção
que muitos questionam à razão
sendo ela o leal espelho da valia.
 
Se aquele que pressente o seu quinhão
na incompetência e ostenta a alegria
de ser mais do que o outro e o desafia
ainda que não valha meio tostão
 
Então, ser ou não ser já pouco interessa
e ter passa a deter todo o sentido
e a dar ao logro a posse da valência 
 
E a filosofia se despeça
porque o que conta é o porte do bandido
e não de quem o julga a excelência
 julieta lima
 (sonetos foragidos)
 ---------------------
 
    Soneto Para Raquel:

 

Sete anos de pastor te vi servir
sete anos suportei esta agonia
para depois olhar e descobrir
que não era só eu quem te queria

A meu lado esperou sem desavir
a que primeiro tomaste: esperou Lia,
a cujas bodas tive de acudir
com o pastor fiel que me traía

E sete anos depois me possuíste
doída, o ventre estéril e vazio
Foi quando vi a farsa mais cruel :

É que a Labão, Jacob, nunca serviste!
Quem sete e mais sete anos te serviu
foi a serrana bela - foi Raquel!!

julieta lima

 

Nota: Este soneto foi produto de um desafio de Pedro Tudella sobre o belo soneto de Camões «Sete anos de pastor Jacob serviu». Por teimosia quis mostrar que : «The winner gets it all» e o winner, claro, foi Jacob - pobrezinho, que acabou por ficar com as duas.

publicado por adélia espírito santo às 23:32

Maio 25 2009

 

 
 
 
Oscila a minha boca entre vós dois
Balouça-se o meu corpo nesta rede
Agora quero um    O outro depois
se a um digo que sim     ao outro cedo
 
Quando vos penso já não sei quem sois
Convosco não há erros, não há medo
é o mesmo amo-te muito sempre a dois
e em três rostos   três corpos   um segredo
 
 
Vagueio entre a poesia e o desacato
Varia a minha boca de palato
soçobro pois não sei qual escolher
 
Se de um tenho a água  p’ra beber
O outro me embebeda de prazer
E os dois tiram de mim qualquer recato 
 
 
 
Julieta Lima
 
 
 
 
 
 
 
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
publicado por adélia espírito santo às 12:08

Maio 22 2009

«Perdigão perdeu a pena
não há mal que lhe não venha...»
L.V. Camões.

 

Há sempre um perdigão em nossas vidas
e uma ou outra pena que se esvai
e já no rol das penas decaídas
há também uma ou outra que não cai

O perdigão que sei, é de soslaio,
que vai cuspindo gritos e mordidas
Mais me parece já um papagaio
de feira, a cantar pústulas e feridas..

E é vê-lo, já sem graça, nas arenas
A sacudir-se, e à beira do jazigo,
ainda a adejar pícaras cenas

Ah pobre perdigão, ah pobre imigo...
Pior, muito pior que a perderes penas
É ver-te sem humor e sem juízo.

julieta lima
( Em :  As mulheres de Luiz Vaz )

 

publicado por adélia espírito santo às 22:40

Maio 22 2009

Vazia hoje a taça transparente
em que brindámos ambos com alegria
àquele amor tardio que nos juntava
na taberna de palha sobre a ria...


Vazia hoje a alma mas tão cheia
dos beijos prometidos  beijos dados
de abraços    de meiguras    de cuidados
que então guardei de ti na minha ideia


Mas é assim o amor e ainda bem
porque quem dá na hora o amor que tem
de si não deve mais que se orgulhar


Que chegue o amor e vá quando quiser:
cá estou sempre poeta p'ró cantar
Para o perder cá estou sempre mulher

Julieta Lima

publicado por adélia espírito santo às 22:17

Maio 22 2009

 

 Eu dir-te-ei ternura toda tanta

 que nunca hás-de saber o seu tamanho

 pois de sossego em ti é que me entranho

 A melodia em nós   é que me espanta

 

 Eu dir-te-ei carinho    raro    estranho

 bondade que só pode quem é santa

 ou quem demónio foi mas te garanta

 ter pra sempre cassado o desengano

 

 Eu dir-te-ei do céu que não sabias

 do colo ameninado que perdeste

 do amor que dessedenta e apazigua

 

 E saberás até ao fim dos dias

 ter encontrado o amor que já me deste

 na ternura que sei e é só tua

 

Julieta Lima

               

publicado por adélia espírito santo às 21:52

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