Maio 28 2009


 Ser ou não ser, questão de Shakespeare,
ter ou não ter, uma outra presunção
que muitos questionam à razão
sendo ela o leal espelho da valia.
 
Se aquele que pressente o seu quinhão
na incompetência e ostenta a alegria
de ser mais do que o outro e o desafia
ainda que não valha meio tostão
 
Então, ser ou não ser já pouco interessa
e ter passa a deter todo o sentido
e a dar ao logro a posse da valência 
 
E a filosofia se despeça
porque o que conta é o porte do bandido
e não de quem o julga a excelência
 julieta lima
 (sonetos foragidos)
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    Soneto Para Raquel:

 

Sete anos de pastor te vi servir
sete anos suportei esta agonia
para depois olhar e descobrir
que não era só eu quem te queria

A meu lado esperou sem desavir
a que primeiro tomaste: esperou Lia,
a cujas bodas tive de acudir
com o pastor fiel que me traía

E sete anos depois me possuíste
doída, o ventre estéril e vazio
Foi quando vi a farsa mais cruel :

É que a Labão, Jacob, nunca serviste!
Quem sete e mais sete anos te serviu
foi a serrana bela - foi Raquel!!

julieta lima

 

Nota: Este soneto foi produto de um desafio de Pedro Tudella sobre o belo soneto de Camões «Sete anos de pastor Jacob serviu». Por teimosia quis mostrar que : «The winner gets it all» e o winner, claro, foi Jacob - pobrezinho, que acabou por ficar com as duas.

publicado por adélia espírito santo às 23:32

Maio 25 2009

 

 
 
 
Oscila a minha boca entre vós dois
Balouça-se o meu corpo nesta rede
Agora quero um    O outro depois
se a um digo que sim     ao outro cedo
 
Quando vos penso já não sei quem sois
Convosco não há erros, não há medo
é o mesmo amo-te muito sempre a dois
e em três rostos   três corpos   um segredo
 
 
Vagueio entre a poesia e o desacato
Varia a minha boca de palato
soçobro pois não sei qual escolher
 
Se de um tenho a água  p’ra beber
O outro me embebeda de prazer
E os dois tiram de mim qualquer recato 
 
 
 
Julieta Lima
 
 
 
 
 
 
 
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
publicado por adélia espírito santo às 12:08

Maio 22 2009

«Perdigão perdeu a pena
não há mal que lhe não venha...»
L.V. Camões.

 

Há sempre um perdigão em nossas vidas
e uma ou outra pena que se esvai
e já no rol das penas decaídas
há também uma ou outra que não cai

O perdigão que sei, é de soslaio,
que vai cuspindo gritos e mordidas
Mais me parece já um papagaio
de feira, a cantar pústulas e feridas..

E é vê-lo, já sem graça, nas arenas
A sacudir-se, e à beira do jazigo,
ainda a adejar pícaras cenas

Ah pobre perdigão, ah pobre imigo...
Pior, muito pior que a perderes penas
É ver-te sem humor e sem juízo.

julieta lima
( Em :  As mulheres de Luiz Vaz )

 

publicado por adélia espírito santo às 22:40

Maio 22 2009

Vazia hoje a taça transparente
em que brindámos ambos com alegria
àquele amor tardio que nos juntava
na taberna de palha sobre a ria...


Vazia hoje a alma mas tão cheia
dos beijos prometidos  beijos dados
de abraços    de meiguras    de cuidados
que então guardei de ti na minha ideia


Mas é assim o amor e ainda bem
porque quem dá na hora o amor que tem
de si não deve mais que se orgulhar


Que chegue o amor e vá quando quiser:
cá estou sempre poeta p'ró cantar
Para o perder cá estou sempre mulher

Julieta Lima

publicado por adélia espírito santo às 22:17

Maio 22 2009

 

 Eu dir-te-ei ternura toda tanta

 que nunca hás-de saber o seu tamanho

 pois de sossego em ti é que me entranho

 A melodia em nós   é que me espanta

 

 Eu dir-te-ei carinho    raro    estranho

 bondade que só pode quem é santa

 ou quem demónio foi mas te garanta

 ter pra sempre cassado o desengano

 

 Eu dir-te-ei do céu que não sabias

 do colo ameninado que perdeste

 do amor que dessedenta e apazigua

 

 E saberás até ao fim dos dias

 ter encontrado o amor que já me deste

 na ternura que sei e é só tua

 

Julieta Lima

               

publicado por adélia espírito santo às 21:52

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